Arquivo Joaquim Victor Baptista Gomes de Sá

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Arquivo Joaquim Victor Baptista Gomes de Sá

Detalhes do registo

Nível de descrição

Fundo   Fundo

Código de referência

PT/UM-ADB/PSS/AVS

Tipo de título

Atribuído

Título

Arquivo Joaquim Victor Baptista Gomes de Sá

Título paralelo

Arquivo Victor de Sá

Datas de produção

1922  a  2003 

Dimensão e suporte

99 caixas; 12 metros lineares

Entidade detentora

Arquivo Distrital de Braga

Produtor

Joaquim Victor Baptista Gomes de Sá

História administrativa/biográfica/familiar

Joaquim Victor Baptista Gomes de Sá nasce na freguesia de Cambeses, concelho de Barcelos em 14 de outubro de 1921 e morre em Braga no dia 31 de dezembro de 2003.O pai, Domingos Gomes de Sá, é sargento (depois tenente) do Secretariado Militar, tendo sido expedicionário em Moçambique durante a 1.ª Guerra Mundial. A mãe, Florinda Baptista da Silva André, é professora do ensino primário.A infância é passada na aldeia, mas a instrução primária concluída em Braga, com distinção, em 1932. Em outubro desse ano, ingressa no Seminário das Missões do Espírito Santo em Godim, Régua, com o objetivo de ser missionário em África. Em 1934 regressa a Braga, sem ter concluído o 1º ano dos estudos liceais no Seminário. Entre 1934 e 1941 frequenta o Liceu Nacional de Sá de Miranda, onde conclui os estudos secundários. Distingue-se já no liceu pela participação noutras atividades, nomeadamente, na publicação dos primeiros artigos no Correio do Minho em 1937 e como líder estudantil e presidente da Academia Bracarense, onde promove várias iniciativas (por exemplo uma pequena biblioteca que fazia empréstimos de livros). Terminado o curso liceal decide interromper os estudos e investe noutros interesses, ou seja, os livros, a leitura, a reflexão, a formação cultural e cívica.Enquanto empregado da Livraria Gualdino, utiliza alguns escudos amealhados para comprar livros que, depois de lidos, disponibiliza para leitura domiciliária. Assim surge a “Biblioteca Móvel”, experiência evocada num opúsculo em 1954. Mantém uma colaboração regular na imprensa local e regional e avança para a publicação dos seus primeiros livros - sobre o pensamento de Antero Quental (1942) e sobre a bibliografia queirosiana (1945).Atento ao que se passa no país e no mundo cria em Braga um “núcleo de resistência e de formação ideológica”, onde participam, entre outros, Armando Bacelar, Francisco Salgado Zenha e Flávio Martins. Por esta altura estava já casado e tinha mudado para empregado na Livraria Cruz. Em 1944-1945 dedica-se à atividade sindical, participa na agitação Pós 2.ª Guerra Mundial e integra o MUD. Em 1947 concretiza a criação e abertura da Livraria Victor em Braga (na rua dos Capelistas), mas é também o ano da primeira prisão. Outras detenções sucedem-se em 1949 e 1950.Em 1952 matricula-se no Curso de Ciências Histórico-Filosóficas da Faculdade de Letras de Coimbra em 1952. Nesta década intensifica a divulgação do seu pensamento em periódicos como Vértice, Seara Nova, Correio do Minho e lança um inquérito sobre a situação das bibliotecas de Braga que depois estende a todo o País, resultando daqui o “As bibliotecas o público e a cultura: um inquérito necessário”, de 1956.Perseguido pela sua intervenção cívica e política é novamente preso em 1955 e em 1958. A prisão neste último ano ocorre quando estava a concluir a licenciatura, adiando a sua conclusão para o ano seguinte, altura em que defende a tese sobre “Amorim Viana, a Vida e a Obra”. Este grau permite-lhe concorrer a um lugar de professor do ensino secundário, sendo nomeado para a Escola Comercial de Braga, mas nunca tomando posse devido à denúncia de um representante local da União Nacional. Impedido de lecionar (ao abrigo do Decreto nº 25 317, de 13 de maio de 1935), aposta na sua atividade de livreiro e autor. É novamente preso em 1960.Em 1961 é candidato a deputado por Braga nas eleições legislativas e em 1962 detido por sete meses e submetido a julgamento no Tribunal Plenário, no qual obtém a absolvição.Em abril de 1962 candidata-se a uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para desenvolver os seus estudos em Paris, na Sorbonne para onde parte em setembro de 1963. Termina e entrega a sua tese - “A crise do liberalismo e as primeiras manifestações do pensamento socialista em Portugal” - em setembro de 1968, prestando provas públicas em 6 de janeiro de 1969. O júri, presidido por Leon Bourdon, atribui-lhe a menção mais levada - “très bien” - com equiparação da tese apresentada à tese complementar de “doctorat d’État”. Nesse mesmo mês (a 14) regressa a Portugal. Ainda nesse ano publicará “A Revolução de Setembro de 1836”.A envolvência do regresso, marcada pelo controlo do regime, o impedimento de desempenhar funções públicas e o não reconhecimento do doutoramento levam-no a escrever “Regressar para quê?” em 1970, obra apreendida pela PIDE na própria semana em que foi posta à venda. Investe então na sua atividade de livreiro e transforma a livraria num ponto de encontro de intelectuais, democratas e oposicionistas. Participa nos Congressos Republicanos de Aveiro e nas eleições de 1973, onde a Oposição teve, uma vez mais, de desistir.Só em 1974, após a revogação dos diplomas que determinaram o seu afastamento da docência, lhe é possível dedicar-se ao ensino universitário. Vê a sua candidatura à Faculdade de Letras do Porto aprovada por unanimidade em julho de 1974. Como professor auxiliar, em regime de requisição, pois entretanto é reintegrado no quadro do 10.º Grupo A da Escola Técnica Alberto Sampaio, fica responsável pelas cadeiras de “História Contemporânea de Portugal e Península Ibérica”, “Economia e Sociedade”, “História do Colonialismo e da Descolonização” e “Seminário de História Contemporânea”. Em regime de acumulação, colabora com a Universidade do Minho entre 1975/76 e 1979, regendo “Cultura Portuguesa I e II” e “Sociedade e Cultura Portuguesa I e II”.A reprovação nas provas de agregação a que se submete em 1978 constitui um dos acontecimentos mais marcantes da sua vida. Em maio do mesmo ano publica, na Editora Centelha, a obra “Formação do Movimento Operário Português - Memória de uma reprovação”. Em 1979 é o primeiro deputado eleito pelo Partido Comunista Português no círculo eleitoral de Braga. Nas eleições legislativas de 1980 repete a eleição. Nas eleições autárquicas de 1985, já fixado em Rio de Mouro, é candidato em Sintra e eleito presidente da Assembleia Municipal. A partir de 1991, exerce funções de professor na Universidade Lusófona de Lisboa e de diretor da sua Biblioteca Geral, sendo responsável pela sua implementação e instalação. Em 1997 a biblioteca passa a designar-se “Biblioteca Universitária Victor de Sá”, em homenagem aos seus relevantes serviços. Aí incorpora a sua biblioteca particular constituída por cerca de 3 000 monografias.Alguma bibliografia:As Bibliotecas, o público e a cultura: um inquérito necessário. Braga, V. Sá, 1956 ([2ªed. aum.], Lisboa, Livros Horizonte, 1983); Amorim Viana e Proudhon. Lisboa, Seara Nova, 1960Perspectivas do século XIX. Lisboa, Portugália, 1964 (2ª edição, Porto, Lumiar, 1975)A Crise do liberalismo e as primeiras manifestações das ideias socialistas em Portugal: 1820-1852. Lisboa, Seara Nova, 1969 (2ª ed. 1970; 3ª ed., Lisboa, Livros Horizonte, 1979);A Revolução de Setembro de 1836. Lisboa, D.Quixote, 1969 (2ª ed. 1970; 3ª ed., Lisboa, Livros Horizonte, 1978);Ribeiro Sanches: Dificuldades que tem um velho reino para emendar-se e outros textos. Porto, Inova, 1971 (2ª ed., Lisboa, Livros Horizonte, 1980);Formação do movimento operário português: memoria de uma reprovação. Coimbra, Centelha, 1978;No Mar do Futuro. Lisboa, Livros Horizonte, 1980;Época contemporânea portuguesa I: onde o Portugal velho acaba. Lisboa, Livros Horizonte, 1981Liberais e Republicanos, 1ª ed. Lisboa, Livros Horizonte, 1986.Fascismo no quotidiano. Lisboa, Vega, 1989;Roteiro da Imprensa Operária e Sindical (1836-1986). Lisboa, Editorial Caminho, 1991.Fonte: Dicionário de Historiadores Portugueses, disponível em linha em : https://dichp.bnportugal.gov.pt/historiadores/historiadores_sa.htm [Consulta em 18-11-2022]

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