Carta de Ambrósio Joaquim dos Reis
Nível de descrição
Documento simples
Código de referência
PT/UM-ADB/FAM/FAA-AAA/002021
Tipo de título
Atribuído
Título
Carta de Ambrósio Joaquim dos Reis
Datas de produção
1815-01-26
a
1815-01-26
Dimensão e suporte
4 pp.; 245 mm x 392 mm
Âmbito e conteúdo
Finalmente deu-se o passo vantajoso de anular os "vergonhozos artigos" do Tratado de Aliança com a Inglaterra de 19 de Fevereiro de 1810, principalmente o Artigo 8.º que impossibilitava-nos de estabelecermos relações comerciais com outras potências. Acredita que se esta anulação for bem gerida, pode colcar Portugal com grande dignidade e independência face à Inglaterra, sem precisarmos das suas esmolas. Contudo, receia que os Artigos 2.º e 4.º ainda dêm que fazer. Manuel Rodrigues Gameiro tem presenciado que o autor tem defendido que o principal objecto da negociação deveria ser as estipulações para que se evite novas presas e discussões futuras. Não teve oportunidade de ler a última redação do Tratado antes de ser aprovada. Muitos destes senhores decidem à pressa e sem ouvir ninguém e que existem aspectos em que o autor deles diverge. O autor trabalha agora para que na Comissão das oito Potências que vai regular o comércio se faça o possível para assegurar as ditas seguranças. A França, única potência que poderia sustentar a tese de Portugal na escravatura, acha-se indecisa na renovação daquele tráfico, por não se ver os navios franceses expostos aos cruzadores inglese, como pelos grandes capitais que requer, como pelo receio em perder Martinica e Guadalupe na primeira guerra ou embaraço com a Inglaterra, como também receiam que o aumento de população negra naquelas ilhas possa dar origem ao mesmo que sucedeu em São Domingos. Com a extinção da dívida de Portugal a Inglaterra é natural que desse a administração de Londres, pede ao destinatário que haja para que Londres continue a ser o centro de pagamento do corpo diplomático por ser a praça mais conveniente nesta altura. Aconselha o Banco do Rio de Janeiro a receber as 48 mil libras esterlinas dos Resíduos da Ilha da Madeira que iam para Londres, ficando o dito banco responsável também pelo pagamento do corpo diplomático, ficando as verbas remanescentes ao dispor do Erário Régio. Lembra que é necessário promover em Londres fundos sobre os excedentes para as despesas de qualquer embarcação de guerra que venha do Rio de Janeiro. Observa que existem pessoas que sem perda de tempo pretendem assinar novos "Tratados ou Tratadas" comerciais som outras nações. Aconselha o dest. a prevenir-se se por acaso chegar-lhe às mãos alguma proposta porque "nem tudo o que luz he oiro". Defende que o principal objecto a tratar presentemente pelo nosso Ministério é o assegurar os interesses comuns de Portugal e Brasil de forma a que ambos "dem vigor e força progressiva hum ao outro". Sem esta segurança todos os Tratados com outras nações serão sempre inseguros e só compliarão a situação política e comercial da Monarquia. Torna a agradecer o envio de Manuel Rodrigues Gameiro que "tem sido de grande utilidade ao Real Serviço".
Cota atual
B-15(1, 21)
Idioma e escrita
POR (Português)
Características físicas e requisitos técnicos
Boa conservação [restaurada; manchas de humidade]